A Escolha do Sertão

Historicamente, o conceito de sertão no Brasil esteve atrelado a diversas interpretações e usos, refletindo uma dialética entre visões de dominação e resistência. Para os colonizadores e a elite brasileira, o sertão representava uma fronteira atrasada e cheia de mato que deveria ser conquistada e civilizada, uma área a ser integrada à lógica econômica e territorial dos interesses da burguesia. Essa visão é carregada de preconceitos e estereótipos negativos, associando o sertão e seus habitantes à barbárie, ao atraso e à marginalização.

Por outro lado, para as populações expulsas e marginalizadas, o sertão assumia um significado de liberdade e esperança, um refúgio contra a opressão e um espaço de resistência cultural e social. A história do sertão catarinense é marcada por lutas de território, identidade e sobrevivência, onde seus habitantes, frequentemente estigmatizados como preguiçosos ou rebeldes, enfrentaram e continuam enfrentando processos de invisibilidade e silenciamento.

A complexidade do sertão, portanto, reside não apenas em sua localização geográfica ou características físicas, mas também nos símbolos e significados culturais, históricos e sociais que ele representa. O sertão é um símbolo de resistência, um espaço de diversidade e pluralidade de modos de vida, que historicamente contesta as narrativas hegemônicas e resiste seu lugar na história e na identidade brasileira​​.

Pensar no sertão é propor uma nova estruturação territorial do Brasil, algo que acreditamos ser fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas mais conscientes, que promovam a proteção socioambiental e cultural. Este processo deve visar a harmonização entre justiça social, eficiência econômica e sustentabilidade ambiental, esta última compreendida em sua plenitude, para além da superficialidade frequentemente associada ao termo por políticos, veículos de comunicação e organizações civis e não governamentais. 

Por isso é que, para nós, é tão importante que essa formação aconteça em território sertanejo. E como sempre dito por aqui: